sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Saudações Lupinas: Morreu um homem, fica o mito.




...

Não importa quão estreito o portão
Quão
repleta de castigo a sentença,
Eu sou o senhor de meu destino
Eu sou o capitão de minha alma.

Valeu, Madiba!

sábado, 9 de novembro de 2013

Viva!



De "CANTO A MIM MESMO" 
1 - Com música forte eu venho
Eu rufo e bato o tambor pelos mortos
e sopro nas minhas embocaduras
o que de mais alto e mais jubiloso
posso por eles.
Vivas àqueles que levaram a pior!
E àqueles cujos navios de guerra
afundaram no mar!
E a todos os generais
das estratégias perdidas,
que foram todos heróis!
E ao sem número dos heróis maiores
que se conhecem!
...

Walt Whitman.

Tradução de Eduardo Francisco Alves Geir Campos.





segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Saudações Lupinas: "Ei, menino branco, o que você fazia aqui?"

Lou Reed, *2 de março de 1942  +27 de Outubro de 2013.



The rich son waits for his father to die
The poor just drink and cry
And me I just don't care at all


The man of good fortune.

domingo, 20 de outubro de 2013

sábado, 19 de outubro de 2013

Saudações Lupinas: Versus faz 20 anos.





20 anos do lançamento do disco VS. do Pearl Jam, brindo com a performance RearviewMirror no PinkPop 2000.

Envelhecendo, mas não como gado, e apreendo que meu passado me trouxe aqui, a ser o que sou, cada dor, cada alegria, cada susto que a vida me deu, de bem ou mal, me fez mais forte, e compreendendo, que ainda sou nada, só mais emancipado.

"I guess it was the beatings made me wise
But I'm not about to give thanks, or apologize"

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Um mundo póstumo.



"Fotógrafo registra tribos e comunidades remotas prestes a se extinguir"



O fotógrafo britânico Jimmy Nelson desenvolveu um trabalho maravilhoso e póstumo, visite:



Na foto são mulheres Himbas no deserto, elas pertencem a um grupo étnico de aproximadamente 20.000 a 50.000 pessoas que vivem no norte da Namíbia, na região de Kunene. 

Comovente.









domingo, 13 de outubro de 2013

Another brick?


Quando fazia universidade, em alguns dias da semana, passava um cara em um bugre tocando sempre a mesma música bem alta, acho que ele "cronometrava" para estacionar o carro no pátio das salas tocando-a, na sua frase de efeito - All in all you're just another brick in the wall - para mim a letra era óbvia, simples como uma letra de rock deve ser - e era profunda, mas duas coisas ajustaram-na em minha cabeça, não só pela opressão da educação da letra, nosso primeiro contato com o fascismo, mas como nos tornamos mais um tijolo, cegos e bem adestrados, deste muro de interesses escusos.

E mais três coisas me jogaram adiante, Zola em Germinal, Salinger em O caçador nos campos de centeio e Foucault em vigiar e punir, na visão social... Gogh como estética de um pintor que não vendeu um quadro em vida, e a Thoreau em A Desobediência Civil - que inspirou Gandhi, indicado por Tolstói, e Steinbeck em Vinhas da ira, na visão política.

Então, não é o que eu fiz que fez pensar diferente, mas o que os outros fazem que me faz pensar diferente, como aquele cara em alguma manhãs, no seu carro e seu drama - sei lá qual era, mas que não queria ser mais um tijolo no muro de uma sociedade montada na modernidade, e ajustada como trilho, e que só repete seu mantra enganador, e nos observando.

Falo isso não para afrontar os que pensam diferente de mim, mas para mostrar aos que pensam parecido que  vocês não estão só. Como fez o cara do bugre e eu não o disse, que pensava parecido, e sorte que nesta vida encontrei vários assim, uma legião, e espero que ele tenha tido a mesma sorte.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Escuto-as cada vez mais perto.






"Hear the sirens covering distance in the night
The sound, echoing closer, will they come for me,next time?"


Nova música do novo disco "Lightning Bolt", mais letras AQUI.




domingo, 15 de setembro de 2013

Into Wild Road.




 


"I'm a man of means by no means, king of the road."

King Of The Road,
Roger Miller, 1964.

sábado, 14 de setembro de 2013

Saudações Lupinas: Faria só 30 anos.

Amy Winehouse
Londres, 14 de setembro de 1983 — Londres, 23 de julho de 2011



Lembro do primeiro vídeo.

 
 

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A pobreza é resultado do sistema.

"Habitar a escuridão" de Marco Antonio Cruz.


"No início do século XXI, a pobreza continua sendo tratada como consequência direta do fracasso pessoal, da incompetência ou da falta de vontade e garra dos indivíduos ou grupos (...) A questão central que motiva a exclusão social (...) ainda é deixada de lado, sendo colocadas em seu lugar justificativas ideológicas que procuram formas convincentes de apresentar as desigualdades sociais não como decorrências de atividades e de condições materiais vigentes que são geradas na própria estrutura social, mas como fruto de uma DECISÃO dos que não aceitam submeter-se ao trabalho nas condições precárias em que ele ora é oferecido."

Delson Ferreira, Sociólogo, no "Manual da Sociologia".
 
 
 
 
 

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Cumulado está.

 
Ache a sua religião e xingue a dos outros.


Um Homem Realizado
 
Ao indivíduo acostumado ao íntimo das profundidades, o «mistério» não intimida; não fala dele e não sabe o que seja: vive-o... A realidade em que se move não comporta outra: não tem uma zona inferior nem um além: está abaixo de tudo e para além de tudo. Farto de transcendência, superior às operações do espírito e às servidões que se lhe associam, repousa na sua curiosidade inexaurível...

Nem a religião nem a metafísica o intrigam: o que poderia sondar ele que se encontra já em pleno insondável? Cumulado, está-o sem dúvida; mas ignora se continua a existir.
 
Afirmamo-nos na medida em que, por trás de uma realidade dada, perseguimos uma outra e em que, para além do próprio absoluto, continuamos à procura. A teologia detém-se em Deus? De maneira nenhuma. Quer remontar mais alto, tal como a metafísica que, ao mesmo tempo que investiga a essência, não se digna fixar-se nela. Uma e outra temem ancorar num princípio último; passam de segredo em segredo; incensam o inexplicável e abusam dele sem pudor. O mistério, que oferenda!
 
Mas que maldição pensar tê-lo atingido, imaginar que o conhecemos e que poderemos residir nele! Já não há que procurar: aí está ele, ao alcance da mão. Da mão de um morto.

Emil Cioran, in 'Raivas e Resignações'.



domingo, 8 de setembro de 2013

Esteja atento.

 
The Laughing Heart

Sua vida é a sua vida.
Não deixe que ela seja esmagada na fria submissão.
Esteja atento.
Existem outros caminhos.
E em algum lugar, ainda existe luz.
Pode não ser muita luz, mas ela vence a escuridão.
Esteja atento.
Os deuses vão lhe oferecer oportunidades.
Conheça-as.
Agarre- as.
Você não pode vencer a morte, mas você pode vencer a morte durante a vida, às vezes.
E quanto mais você aprender a fazer isso, mais luz vai existir.
Sua vida é a sua vida.
Conheça-a enquanto ela ainda é sua.
Você é maravilhoso, os deuses esperam para se deliciar em você.
 
Charles "Hank" Bukowski.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

O bicho preguiça.

 
Ela tinha o odor de alpiste. Não sei o porquê, mas sei de que era o cheiro dela, pois cuidei diuturnamente de doze gaiolas de Sabiás, Graúna, Saíras, Cancã, Tico-tico, Curió e Canários no quintal de um tio. O cheiro de mamão e goiaba passados ainda me causa repulsa, nem todos os dias são felizes quando somos crianças, os meus foram, naquele quintal com o Duque, um pastor alemão enorme que era o protetor dali, o cão mais resistente do mundo, nós éramos os herdeiros daquele reino. O reino das bananeiras, onde meu primo insano fazia o que queria, no meio de lagartas e lagartixas a nos olhar, e afirmar com a cabeça quando perguntávamos quem são os donos do lugar, as que não concordavam, nós as enxotávamos, foram asiladas do reino de um Rei e Duque tão cruéis.
 
Ela tinha os olhos tristes e estava um pouco acima do peso, o cabelos desgrenhados, e sempre um sorriso no rosto, e nunca me encarava, naquele dia não era diferente, mas meus amigos tiravam sarro dela, numa brincadeira tola, chamando-a de fedorenta nos corredores da escola, e eu que já tinha sido cruel com lagartixas, achava aquilo terrível, aquilo era estranho, mesmo no reino das bananeiras.
 
Lembrei de um dia que outros amigos de outra rua pegaram um bicho preguiça, lembrança mais recente que as do reino, e como verdadeiros descendentes de índios selvagens do Amazonas, a mataram, extirparam, tiraram o seu couro e a cortaram em nacos de carnes. Eles moravam na parte de cima da rua, e todas às vezes que ia pegar o ônibus da escola, lembrava deste dia, dos braços abertos dela, como pedindo algo para se agarrar para não cumprir aquele destino. Ela não teve chance sobre aquela pedra fria do tanque de lavar roupas, que via da rua quando passava por lá. Parecia natural, aquele instinto para saciar a fome, a destreza da faca, o perder do brilho dos olhos daquela vítima sem reação, pega pelo dorso e de braços abertos, a suplicar.
Agora os amigos de hoje corriam e gritavam com ela. E ela desesperada corria deles, entrou no banheiro e só escutávamos o berro e o choro dela.

Pouco tempo depois, o que seria mais fácil com o Duque ao meu lado, como naquela tarde no campo de futebol que intimidamos os quatro encrenqueiros da rua de baixo; Tomei a frente deles e disse que era errado aquilo, que não podiam fazer isso com ela, só por ela ser diferente. No que eles, os dantescos, passaram a gritar que éramos namorados, fiquei atônito. O líder dos dantescos tinha a mesma tez do irmão mais velho dos índios amazônicos, lembrei do bicho preguiça, dos sorrisos de satisfação, onde está o Duque? – Morreu anos depois que deixei o reino, meu tio disse que vivia acabrunhado. Eles morreram.
Ainda atônito, escutei um grito assustador por detrás de mim, algo tinha se soltado, vindo do banheiro, a porta aberta de supetão, ela passou por mim como se eu não existisse e agarrou o sósia do Pajé, usando suas unhas como as garras do bicho, ou a faca na mão do índio, com a mesma habilidade, enquanto rolavam no chão, agora eu não era o único atônito ali. Ela se pôs de pé, e pela primeira vez me olhou nos olhos, com um olhar assustado, as mãos ensanguentadas do falso índio, e correu de volta para a sala de aula. Aquele momento nunca mais saiu da minha mente, aos 13 anos, percebi que alguns se colocam de pé só, mas por medo que a verdade mais profunda seja descoberta, hoje mais velho sei que é, e que nada é claro e simples, como antes, no reino das bananeira, onde as lagartixas diziam  sim, ao Rei e Duque cruéis.
  
O rei morreu também neste dia.
 

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

MYM






Você vai para o céu? Ok, pode ser! Mas não faça a vida dos outros um inferno.

Mind Your Manners: Pearl Jam em sua essência.

sábado, 17 de agosto de 2013

História da África em VIII volumes.


Publicada em oito volumes, a coleção História Geral da África foi traduzida para o português e está disponível gratuitamente na internet. Produzido pela Unesco – órgão da ONU voltado para educação, ciência e cultura – o material possui quase 10 mil páginas e foi elaborado ao longo de 30 anos. A obra conta a história da África a partir de uma visão de dentro do continente, usando uma metodologia interdisciplinar. O trabalho envolveu 350 especialistas de áreas como história, antropologia, arqueologia, linguística, botânica, física e jornalismo.

A coleção aborda o continente desde a pré-história até a década de 1980. A narrativa atravessa períodos históricos marcantes, passando pelo Egito Antigo, por diversas civilizações e dinastias, pelo tráfico de escravos, pela colonização europeia e pela independência dos diversos países. A África é destacada como berço da humanidade e de contribuição fundamental para a cultura e a produção do conhecimento científico. A coleção completa pode ser baixada nas páginas da Unesco e do Ministério da Educação, na internet.

De São Paulo, da Radioagência NP , Jorge Américo.

Baixe aqui no Antigoegito.org


Sad blues.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Slavoj Žižek!




Um pouco do anti-pós-modernista, Marxista, Hegeliano e Lacaniano!

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terça-feira, 23 de julho de 2013

Contra o mundo.


Son House: Um homem, e sua guitarra, contra o mundo.



Sistema parasitário.



"O capitalismo é, na essência, um sistema parasitário. Como todos os parasitas, pode prosperar durante algum tempo uma vez que encontra o organismo ainda não explorado do qual pode se alimentar, mas não pode fazê-lo sem prejudicar o hospedeiro nem sem destruir cedo ou tarde as condições de sua prosperidade ou até de sua própria sobrevivência."

Zygmunt Bauman.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Jazz...
















Meu monstro preferido: A hidra de lerna.


Realmente, o capitalismo é um monstro como a hidra de lerna, da mitologia grega, que se cortada uma cabeça nascia outras em seu lugar, seria assim o capitalismo em suas crises contumazes, mas tem duas coisas que ele não consegue resolver mesmo parecendo eterno, e nem vai tentar, a questão da exclusão social, pois precisa da reserva de mercado e do custo baixo e lucros altos, e daí o monopólio, holding e corporações internacionais que acabam com a concorrência - Quem pode regular isso?. E ainda os problemas pós-modernos, como o extrativismo ecológico, a questão moral da biogenética, o made-yourself - impressora 3D e nanotecnologia - e a propriedade intelectual.

Hidra de Lerna 

Como a expressão "tiro no pé" está na moda, vou com dois pontos, o primeiro tiro no pé do capitalismo é apresentar produtos que são associadas ao "vida boa", como se fosse necessária para, no eudemonismo, ser feliz, e por um lado alguns não terão nunca esta possibilidade, pelo próprio conceito da reserva de mercado da mão de obra, e que se todos tivessem esta possibilidade, nós precisaríamos de diversos planetas para cobrir a "demanda", o segundo seria a facilidade em que a livre concorrência vira monopólio, pelo mesmo motivo, o lucro no spread de ações.


Dois tiros nos pés aleija qualquer um, sem atirar nas cabeças, mas para de andar.

Sem considerar realmente a crise econômica mundial, que a meu vê, advêm da política de rentismo, que não precisa de produção e menos ainda de investimento na produção, o chamado capital especulativo investe na dívida do estado, no empréstimo individual e na flutuação da moeda, lucrando para onde o barco virar - pouco se importando com o custo-Brasil, que pode até ser mais caro, mas somos uma democracia e com regras bem melhor definidas que os outros do BRIC. Temos, sim, uma crise que vem do "capitalismo de estado", no loteamento do público em prol do privado, como escola, hospitais, e transporte urbano nas cidades-negócios, e agronegócios no interior - e desta relação descende a corrupção nos lobbies e os interesses eleitoreiros e particulares dos políticos, que aborrecem os "contribuintes" e eleitores.

Outra, e que é exemplar na primavera árabe, mesmo com seus paradoxos, mas a luta do povo para se libertar, ora dos poderes teocráticos e patrimonialista internacionais e corporativos dos tempos de hoje, ora por liberdade de todas as ditaduras, e que sirvam de modelo ao mundo, e referência para nos mostrar onde já estamos, e principalmente para onde não queremos ir, ou voltar.

o0o

Mas facilmente dá para lembrar Graciliano Ramos, quando prefeito de Palmeira dos Índio em 1929, que disse em um dos seus relatórios: “Bem comido, bem bebido, o pobre povo sofredor quer escolas, quer luz, quer estradas, quer higiene. É exigente e resmungão. Como ninguém ignora que se não obtém de graça as coisas exigidas, cada um dos membros desta respeitável classe acha que os impostos devem ser pagos pelos outros”.


sábado, 13 de julho de 2013

Dia do rock!





I got an unfortunate feeling I been beating down

I feel I don’t believe and now truth is coming out
What they'll take is more than a vow...
They’ve taken young innocents and then they throw 'em on a burning pile aha hey hey

All along they're saying...
Mind your manners

...

tradução:

Tenho a infeliz sensação de que levei uma surra.
Sinto que não acredito e agora a verdade está vindo à tona.
O que eles tomam de você é mais que sua promessa,
Ele pegaram jovens inocentes e os atiraram para queimar em uma fogueira.

E desde então eles dizem:

A terra está cheia de nós, literalmente.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Primavera no inverno do sul.


Na Tunísia, o ato de Mohamed Bouazizi.


O que o Brasil precisa é de honestidade e coragem, honestidade de defender sua bandeira ou ideologia de maneira clara, sem ser reprimido e sem usar a violência, de ser honestamente ambicioso ou solidário, de concordar com um estado forte ou não, de não aceitar a corrupção, privada ou pública, e entender que os políticos precisam ser honestos e mostrar resultado para quem os elegeu. E a coragem porque é a mãe de todas as outras virtudes.

A revolta e o ódio que alguns demonstram também é honesta, a revolta dos esquecidos, dos que o nosso sistema político esquece e tolheu oportunidade, esfregando na cara deles os privilégios e negociatas, essa segunda cidade, que apanhar da polícia é com hora marcada, que a condução leva duas horas, para ir e para vir, e que no final do dia guarda em sua bolsa o rancor e humilhação, como em 2005 na revolta do subúrbio francês, com mais de 3.000 carros queimados em 14 dias, como em LA em 1992, como o início da primavera árabe, na imolação do tunisiano Bouazizi (na foto), a revolta de alguns é o costume com o horror, que não temos. Até essa revolta é honesta, uma pena que é assim, e não precisava. 

Mas mesmo que imperfeita, ainda prefiro a liberdade, um estado fascista e opressor é andar contra o que já fomos, e já somos mais que aquilo, agora.

Mas até para uma criança nascer ela chora, dando voz a sua indignação.



Aqueles foram...



“Aquele foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos; aquela foi a idade da sabedoria, foi a idade da insensatez, foi a época da crença, foi a época da descrença, foi a estação da Luz, a estação das Trevas, a primavera da esperança, o inverno do desespero; tínhamos tudo diante de nós, tínhamos nada diante de nós, íamos todos direto para o Paraíso, íamos todos direto no sentido contrário.”

Primeiro capítulo de “Um Conto de Duas Cidades”
de Charles Dickens, 1812-1870.

terça-feira, 18 de junho de 2013

sábado, 18 de maio de 2013

Boi morto.



A fome/2

Um sistema de desvinculo: Boi sozinho se lambe melhor... O próximo, o outro, não é seu irmão, nem seu amante. O outro é um competidor, um inimigo, um obstáculo a ser vencido ou uma coisa a ser usada. O sistema, que não dá de comer, tampouco da de amar: condena muitos à fome de pão e muitos mais à fome de abraços. 

de O Livro dos Abraços, p. 81
Eduardo Galeano.




domingo, 12 de maio de 2013

Arrogância santa.




"E ainda assim, é importante que nós tenhamos alguma direção, para que saibamos quais são os objetivos impossíveis que estamos tentando alcançar, se esperamos alcançar alguns dos objetivos possíveis. Isso significa que temos que ser arrogantes o suficiente para especular e tentar criar teorias sociais baseadas no conhecimento parcial, enquanto permanecemos muito abertos para a forte possibilidade, de fato para a avassaladora probabilidade, de que estejamos na verdade muito longe do ideal."

Noam Chomsky.




É o que penso aquando me questionam sobre a natureza humana e a necessidade do idealismo, e enfim, a utopia. O que se adequa a citação de Fernando Birri, cineasta argentino: 


"- Utopia [...] ella está en el horizonte. Me acerco dos pasos, ella se aleja dos pasos. Camino diez pasos y el horizonte se corre diez pasos más allá. Por mucho que yo camine, nunca la alcanzaré. Para que sirve la utopia? Para eso sirve: para caminar."

Citado por Eduardo Galeano in Las palabras andantes - Página 310

sábado, 11 de maio de 2013

Um minuto de silêncio.


(Nine Mile, 6 de fevereiro de 1945 — Miami, 11 de maio de 1981)

sábado, 27 de abril de 2013

Murmúrios.



Não creio ser um homem que saiba. Tenho sido sempre um homem que busca, mas já agora não busco mais nas estrelas e nos livros: Começo a ouvir os ensinamentos que meu sangue murmura em mim. Não é agradável a minha história, não é suave e harmoniosa como as histórias inventadas; sabe a insensatez e a confusão, a loucura e o sonho, como a vida de todos os homens que já não querem mais mentir a si mesmos.

Demian, Hermann Hesse.



segunda-feira, 8 de abril de 2013

Noites em São Francisco.









"I wasn't born there
Perhaps I'll die there
There's no place left to go
San Francisco

A cop's face is filled with hate
Heavens above he's on a street called love
When will they ever learn?
Young cop, old cop feel all right
On a warm San Franciscan night"

sábado, 23 de março de 2013

Nós somos os homens ocos.


Os Homens Ocos
(T. S. Eliot)
Nós somos os homens ocos
Os homens empalhados
Uns nos outros amparados
O elmo cheio de nada. Ai de nós!
Nossas vozes dessecadas,
Quando juntos sussurramos,
São quietas e inexpressas
Como o vento na relva seca
Ou pés de ratos sobre cacos
Em nossa adega evaporada
Fôrma sem forma, sombra sem cor
Força paralisada, gesto sem vigor;
Aqueles que atravessaram
De olhos retos, para o outro reino da morte
Nos recordam — se o fazem — não como violentas
Almas danadas, mas apenas
Como os homens ocos
Os homens empalhados.
II
Os olhos que temo encontrar em sonhos
No reino de sonho da morte
Estes não aparecem:
Lá, os olhos são como a lâmina
Do sol nos ossos de uma coluna
Lá, uma árvore brande os ramos
E as vozes estão no frêmito
Do vento que está cantando
Mais distantes e solenes
Que uma estrela agonizante.
Que eu demais não me aproxime
Do reino de sonho da morte
Que eu possa trajar ainda
Esses tácitos disfarces
Pele de rato, plumas de corvo, estacas cruzadas
E comportar-me num campo
Como o vento se comporta
Nem mais um passo
— Não este encontro derradeiro
No reino crepuscular
(Trecho de “Os Homens Ocos”, de  T.S. Eliot. Tradução de Ivan Junqueira)


terça-feira, 19 de março de 2013

O horror, o horror faz 10 anos.



A invasão do Iraque faz 10 anos. 


Mais de 2 trilhões de dólares gastos e mais de 160 mil mortos. E um paraíso para empreiteiras e empresas de petróleo.

Mas é nada perto disto...




Richard Yarosh, ferido no Iraque.



Inspirado em... Socialista morena.



sábado, 9 de março de 2013

Saudações Lupinas: O velho Hank.



"Não há nada a lamentar sobre a morte, assim como não há nada a lamentar sobre o crescimento de uma flor. O que é terrível não é a morte, mas as vidas que as pessoas levam ou não levam até a sua morte. Não reverenciam suas próprias vidas, mijam em suas vidas. As pessoas as cagam. Idiotas fodidos. Concentram-se demais em foder, cinema, dinheiro, família, foder. Suas mentes estão cheias de algodão. 
Engolem Deus sem pensar, engolem o país sem pensar. Esquecem logo como pensar, deixam que os outros pensem por elas. Seus cérebros estão entupidos de algodão. São feios, falam feio, caminham feio. Toque para elas a maior música de todos os tempos e elas não conseguem ouvi-la. A maioria das mortes das pessoas é uma empulhação. Não sobra nada para morrer."

O velho Hank, morreu há 19 anos.

quinta-feira, 7 de março de 2013

Leiam Brecht!




Aos que vierem depois de nós
Bertolt Brecht
(Tradução de Manuel Bandeira)

Realmente, vivemos muito sombrios!
A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade. Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar.

Que tempos são estes, em que
é quase um delito
falar de coisas inocentes.
Pois implica silenciar tantos horrores!
Esse que cruza tranqüilamente a rua
não poderá jamais ser encontrado
pelos amigos que precisam de ajuda?

É certo: ganho o meu pão ainda,
Mas acreditai-me: é pura casualidade.
Nada do que faço justifica
que eu possa comer até fartar-me.
Por enquanto as coisas me correm bem
(se a sorte me abandonar estou perdido).
E dizem-me: "Bebe, come! Alegra-te, pois tens o quê!"

Mas como posso comer e beber,
se ao faminto arrebato o que como,
se o copo de água falta ao sedento?
E todavia continuo comendo e bebendo.

Também gostaria de ser um sábio.
Os livros antigos nos falam da sabedoria:
é quedar-se afastado das lutas do mundo
e, sem temores,
deixar correr o breve tempo. Mas
evitar a violência,
retribuir o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, antes esquecê-los
é o que chamam sabedoria.
E eu não posso fazê-lo. Realmente,
vivemos tempos sombrios.


Para as cidades vim em tempos de desordem,
quando reinava a fome.
Misturei-me aos homens em tempos turbulentos
e indignei-me com eles.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

Comi o meu pão em meio às batalhas.
Deitei-me para dormir entre os assassinos.
Do amor me ocupei descuidadamente
e não tive paciência com a Natureza.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

No meu tempo as ruas conduziam aos atoleiros.
A palavra traiu-me ante o verdugo.
Era muito pouco o que eu podia. Mas os governantes
Se sentiam, sem mim, mais seguros, — espero.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

As forças eram escassas. E a meta
achava-se muito distante.
Pude divisá-la claramente,
ainda quando parecia, para mim, inatingível.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

Vós, que surgireis da maré
em que perecemos,
lembrai-vos também,
quando falardes das nossas fraquezas,
lembrai-vos dos tempos sombrios
de que pudestes escapar.

Íamos, com efeito,
mudando mais freqüentemente de país
do que de sapatos,
através das lutas de classes,
desesperados,
quando havia só injustiça e nenhuma indignação.

E, contudo, sabemos
que também o ódio contra a baixeza
endurece a voz. Ah, os que quisemos
preparar terreno para a bondade
não pudemos ser bons.
Vós, porém, quando chegar o momento
em que o homem seja bom para o homem,
lembrai-vos de nós
com indulgência.