terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

A Bósnia é aqui?



Não somos mais o Haiti, somos a Bósnia, ou não há similaridade? Um movimento contra o modelo do sistema capitalista e sua corrupção somatizada.

Zizek ainda é preciso.



Por Slavoj ZizekGuardian | Tradução: Vila Vudu

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Os eventos fizeram surgir teorias da conspiração (por exemplo, que o governo sérvio teria organizado os protestos para derrubar o governo bósnio), mas é preciso ignorá-las firmemente, porque, haja o que houver por trás das manifestações, o desespero dos manifestantes é autêntico. Fica-se tentado a parafrasear aqui a famosa frase de Mao Tse Tung: há caos na Bósnia, a situação é excelente!

Por quê? Porque as exigências dos manifestantes são as mais simples que há – emprego, uma chance de vida decente e o fim da corrupção – mas mobilizaram pessoas na Bósnia, país que, nas últimas décadas, tornou-se sinônimo de feroz limpeza étnica

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O problema aí é que esse universalismo liberal simplório já perdeu a inocência, há muito tempo. O conflito entre a permissividade liberal e o fundamentalismo é, na verdade, um falso conflito – um círculo vicioso e viciado no qual os dois polos pressupõem-se e geram-se mutuamente, um o outro.

O que Max Horkheimer disse sobre o fascismo e o capitalismo lá nos anos 1930s (que os que não querem falar criticamente sobre o capitalismo devem também calar sobre o fascismo) pode aplicar-se ao fundamentalismo de hoje: os que não querem falar criticamente sobre a democracia liberal devem também calar a boca sobre o fundamentalismo religioso.

Reagindo contra caracterizar-se o marxismo como “o Islã do século 20”, Jean-Pierre Taguieff escreveu que o Islã está em vias de mostrar-se como o “marxismo do século 20” para prolongar o violento anticapitalismo do comunismo, depois do declínio do comunismo.
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Fotos e texto daqui: "Outras Palavras: Zizek, há mais do que fúria na Bôsnia."