domingo, 13 de outubro de 2013

Another brick?


Quando fazia universidade, em alguns dias da semana, passava um cara em um bugre tocando sempre a mesma música bem alta, acho que ele "cronometrava" para estacionar o carro no pátio das salas tocando-a, na sua frase de efeito - All in all you're just another brick in the wall - para mim a letra era óbvia, simples como uma letra de rock deve ser - e era profunda, mas duas coisas ajustaram-na em minha cabeça, não só pela opressão da educação da letra, nosso primeiro contato com o fascismo, mas como nos tornamos mais um tijolo, cegos e bem adestrados, deste muro de interesses escusos.

E mais três coisas me jogaram adiante, Zola em Germinal, Salinger em O caçador nos campos de centeio e Foucault em vigiar e punir, na visão social... Gogh como estética de um pintor que não vendeu um quadro em vida, e a Thoreau em A Desobediência Civil - que inspirou Gandhi, indicado por Tolstói, e Steinbeck em Vinhas da ira, na visão política.

Então, não é o que eu fiz que fez pensar diferente, mas o que os outros fazem que me faz pensar diferente, como aquele cara em alguma manhãs, no seu carro e seu drama - sei lá qual era, mas que não queria ser mais um tijolo no muro de uma sociedade montada na modernidade, e ajustada como trilho, e que só repete seu mantra enganador, e nos observando.

Falo isso não para afrontar os que pensam diferente de mim, mas para mostrar aos que pensam parecido que  vocês não estão só. Como fez o cara do bugre e eu não o disse, que pensava parecido, e sorte que nesta vida encontrei vários assim, uma legião, e espero que ele tenha tido a mesma sorte.