sábado, 5 de março de 2011

Todos os poemas têm lobos dentro XII.



CARNAVAL

A vida é uma tremenda bebedeira.
Eu nunca tiro dela outra impressão.
Passo nas ruas, tenho a sensação
De um carnaval cheio de cor e poeira...

A cada hora tenho a dolorosa
Sensação, agradável todavia,
De ir aos encontrões atrás da alegria
Duma plebe farsante e copiosa...

Cada momento é um carnaval imenso
Em que ando misturado sem querer.
Se penso nisto maça-me viver
E eu, que amo a intensidade, acho isto intenso

De mais... Balbúrdia que entra pela cabeça
Dentro a quem quer parar um só momento
Em ver onde é que tem o pensamento
Antes que o ser e a lucidez lhe esqueça...
...


Álvaro de Campos.


2 comentários:

  1. o carnaval é uma fuga da lucidez.

    o elogio da embriaguez....

    'baco está entre nós'.

    ele está no meio de nós...das cordas que nos amarram uns aos outros nesse turbilhão que é o bloco do sujo, que não tem fantasia....

    o nome do vinho que me espanta da loucura, velho cão, é periquita....rs rs rs

    um vinho portugues vendido em supermercado..

    um brinde a sua amizade...e à paciência com todos nós...

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  2. Periquita é bom... Eu gosto, do vinho também.

    Abraço, canis vagaba, E que tenha nos pés as asas de hermes e que a realidade não te alcanca e tem encha de suspiros maçantes. Ou na cabeça a ebriadade de Baco, que nos faz sátiros contra a mesma realidade.

    Brindamos e brincamos!

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