sábado, 23 de fevereiro de 2013

Máquina de escrever e Cuba.


Sobre a blogueira cubana e uma acusação de que o nazismo é socialista.





Eu não tenho uma máquina de escreve como deveria escrever um cubano em Cuba, até tenho, mas está sem fita jogada no quartinho de entulhos, ou doei para reciclagem. Tenho um core dual, com dois gigas de memória que usei desde 2007 e aposentei em meados do ano passado, poderia até usa-lo, mas tecnologia muda tão rápido, que o que eu comprei no ano passado, já me serve como comparação com os atuais poderes de processamento até de um telefone, dentro da tecnologia móbile. Bah, e mudar a tecnologia a cada 6 meses usando cada vez mais insumos e entulhando os lixões com a tecnologia velha da semana passada deve ter um motivo, alguém sabe? Eu acredito que seria a eficiente ineficiência do desenvolvimento capitalista, já que a coisa fica popular e não fica mais barata, vou dar um exemplo, uma memória produzida na Tailândia por preço absurdamente mais barata é conquistada em cima do trabalho humano, sem nenhuma proteção aos direitos trabalhistas, geram emprego de pessoas que não melhoram suas vidas, passando de empurrar um carro de búfalo para manusear um ferro de solda. E por ser limitada a produção baseada na demanda, nem todos arranjam esse emprego e os meninos vão roubar e as meninas vão se prostituir aos 12 anos, enquanto seus pais que não são especialistas vão comer caldo de peixe pescados em rios poluídos pelas fábricas ou viver de reciclados. Nem luxo, só lixo.

Você já deve ter visto o filme “A ilha das flores”, onde os porcos comem antes que pessoas, pois é isso é que me faz ser socialista nos meios de produção, porque escutar uma ignóbil herdeira de minas australianas dizendo que seria melhor produzir minérios na África do sul, porque o dia do trabalhador custa 4 reais, do que a hora e as exigências que os sindicatos de mineiros do seu país faziam para trabalhar para ela, e ter lido “Germinal” de 1881- e não leiam este livro "é doente e feio" -, vemos que quem procura o lucro, ou mais valia, tem uma ética bem clara, “meus custos são a sua condenação”, desde sempre. Ou o subsídio para uma vaca ser mais do que gasta uma pessoa na África, por mês, que paradoxo não?

E sou comunista do conhecimento, essa vantagem é uma deturpação primeva da condição humana, o que sabemos pertence a humanidade, e a escolhemos nosso caminho a partir destes conhecimentos, e não de mentiras e simulacros, ou seria cair numa armadilha criada por nós mesmos.

O capitalismo liberal, e todas as suas formas, é um monstro como a Hidra de Lerna, tem várias vertentes e quando cortadas, se recriam, é quase imbatível, vive de crises, consome seus sonhos, destrói uma maioria em nome de uma minoria, um pouco mais de 1000 empresas mandam no mundo e cabem a umas dezenaa de famílias, onde a mais rica é uma matriarca francesa. 1% para 99%, isso é semear exclusão, e parem de se achar o escolhido e declamarem de forma indireta o salmo 91, todos são atingidos!! O capitalismo vive de crises mundiais e guerras, precisa ter o domínio das instâncias de produção de energia e riquezas, do altos juros dos bancos, do mercado especulativo e do simulacro. E não espere ser rico para ser feliz, não espere viajar para ser feliz, não espere, o eudemonismo não é doutrina perfeita, muito menos o hedonismo, mas são produtos vendidos em propaganda de margarina, que acaba com sua saúde, como o cigarro. E se quiser se empanturrar dos dois, você é livre. Mas não posso aceitar que usem bombas para impor seus falsos ideais de liberdade, e matem milhões de pessoas em nome de liberdade, com Jerichos para Gaza, Stealth para o Iraque ou Drones para todos nós a custos de milhões de dólares. Que liberdade é essa?


Mas a ineficiência mais terrível para mim é perder 30% do que foi produzido em alimentos enquanto mais da metade da humanidade vive com fome, que bela eficiência, quem sabe o que é o valor de conseguir um desejado gadget para melhorar sua relação com o “mundo” deve entender, ou devia, o que é uma pessoa morrer de fome, desnutrida. E vermos as porções big size dos países ricos enquanto familias vivem com meio quilo de arroz. Para mim é a mesma coisa,uma questão de liberdade, liberdade de comprar o que deseja, mesmo que seja artimanhas da crise capitalista, que é cessante pelo uso dos insumos e poluição do meio ambiente, quanto a um direito básico,a liberdade de poder escolher continuar vivo. E não me venha com meritocracia, porque educação é que evolui o ser humano, ou o valor de suas habilidade, e isso vai da prostituta ao cirurgião plástico. E o lucro, exige aquela ética, e a oportunidade na meritocracia é maior para os que cumprem essa ética, até de dar de comer carne de cavalo ou mesmo produtos cancerígenos em cigarros e refrigerantes. Em nome da eficiência da produção em larga escala. E o engraçado é que a Coca-cola é o refrigerante mais vendido e é o mais caro, isso porque o capitalismo vive de crise, no simulacro da demanda, da necessidade incutida nas propagandas que alimenta a industria do espetáculo, corroborando Debord e sua visão da sociedade do espetáculo, que nasceu no fascismo Nazista.

Nazismo, ninguém quer esse filho, nem um na dicotomia o quer, mas considerando os historiadores, o Nazismo não foi socialismo, e acreditar que o é, é no mínimo ingênuo ou querer usar a má-fé, vou crer no primeiro. Ora, a principal característica do capitalismo é a iniciativa privada, as industrias alemães eram da iniciativa privada e existiam ricos, que a geriam, e obstante não ser judeu ou de outra etnia caçada pelo nazismo, haviam muitos, no mais deixo para os da direita capitalista afirmarem o contrário, pois creio que a razão é uma ferramenta sem valor axiológico. E o domínio do meios de produção só funcionar em um governo totalitário, eu não acredito nisto, é um embuste, haja visto os governos sociais democratas e o bem-estar social, onde o governo cobra altos impostos igualitários nas classes e retribuem de tal forma que uma estudante só precisa efetivamente trabalhar já bem perto dos 30 anos, podendo ter experiências das mais diversas antes de entra na rede de produção, e ser um ser humano melhor, ou pelo menos deveria.

A única coisa que quis demonstrar com a comparação infeliz, infeliz porque você não a entendeu, é que a maioria alemã, maioria motor da democracia, não escolhe sempre certo, escolhendo o nazismo, e pior, assim pode ser manipulada por aquela ética capitalista do lucro, criando um muro, de carne humana não pensante, como fala Foucault, demonstra artista plástica Adriana Varejão e tocou o Pink Floyd em 1979. A democracia manipulada pelas ética capitalista é algo que não quero, como denucia Saramago. Toda unanimidade é burra, como já disse Nelson Rodrigues, e também violenta, o bom é a dissidência a diferença de pensamento, não o senso comum, mas o comum dos sensos, até porque somos diferentes e atolados na mesma condição humana, precisamos da coletividade e nos proteger uns aos outros, não em solidariedade e compaixão, mas em alteridade e empatia, somos todos jogados na existência, e na mesma condição, somos diferentes e iguais ao mesmo tempo. Não existem escolhidos, não existem soluções perfeitas, não existe lucro fácil, nem almoço de graça.

E sobre a ditadura, "Ditadura nunca mais!", e te aviso que nenhum governo aceita facilmente a dissidência, e confundem diferença com afronta, mas digo que "as idéias devem continuar perigosas" como em 68. 

E termino com a citação de um pensador, que tenho sorte de ser meu amigo, que dividi uma cerveja numa noite de supermoon, e festejar por ele ter nascido. Ele diz, "A Democracia nem sempre é composta por regras de etiqueta, isso leva tempo. E nem sempre deve ser representada como a luz da razão, pelo contrário, pode ser uma chuva impiedosa que não pensa duas vezes em molhar aqueles que, por vezes, são mais petulantes do que racionais, e menos fortes do que aparentam ser. Mas como disse Aristóteles, 'o Homem é um animal político!'. Mas é preciso ser forte.". E assim, não posso me coalizar com a ditadura, ou qualquer forma de poder sobre outro homem, como diz outro pensador, "Aquele que puser as mãos sobre mim, para me governar, é um usurpador, um tirano. Eu o declaro meu inimigo!", Proudhon em 1849. como também não posso aceitar, pela alteridade e empatia, que outro ser humano seja estropiado de seus direitos básicos em nome do lucro, ou da economia, enfim, pela forma de simulacro imperialista e colonialista, numa verdadeira ditadura do consumo, e usando de todo engodo, para levar a vantagem do lucro. Isso tudo só para acumular dinheiro? 


Não, essa liberdade não me serve.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Não... Não escreva poesias.


Conselho de amigo para muitos jovens




Vá para o Tibete.

Viaje de camelo.

Leia a Bíblia.

Tinja de azul seus sapatos.

Deixe crescer a barba.

Dê a volta ao mundo numa canoa de papel.

Assine o The Saturday Evening Post.

Mastigue apenas com o lado esquerdo da boca.

Case com uma mulher sem uma perna e se barbeie com uma navalha.

E entalhe seu nome no braço dela.

Escove os dentes com gasolina.

Durma o dia todo e suba em árvores à noite.

Seja um monge e beba chumbo grosso e cerveja.

Fique com a cabeça debaixo d'água e toque violino.

Faça a dança do ventre diante de velas cor-de-rosa.

Mate seu cão.

Candidate-se para prefeito.

More num barril.

Arrebente sua cabeça com um machado.

Plante tulipas na chuva.

Mas

não escreva poesias.



- Charles Bukowski