segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O planeta e quem o consome.



É preciso lembrar que estamos há tão pouco tempo aqui, e menos ainda com nossa sociedade moderna devoradora de recursos, com vantagem para uma minoria, considerando os nossos 6 milhoes de indivíduos. E já fizemos bons estragos, e com o principal motivo de acumular riqueza?! E numa economia baseada na guerra e armas!!

Não existem pré-destinados e eleitos, isso é a forma tacanha e egoísta de se viver.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Pela liderança da matilha II.

Muros da ditadura, reais e imaginários.

Segundo os dois autores [Juan Linz e Alfred Stepan em “A Transição e Consolidação da Democracia – a experiência do Sul da Europa e da América do Sul”.] que citei acima, uma prosperidade econômica prolongada em um regime autoritário também pode minar os fundamentos de autojustificação do regime. O sucesso econômico prolongado pode contribuir para a percepção de que as medidas coercivas de exceção, adotadas pelo regime não-democrático, não são mais necessárias e podem vir a ser um mal para as conquistas já alcançadas. Crescimento econômico também pode elevar o custo da repressão, facilitando assim a transição para a democracia. Por exemplo, aumento da classe média, expansão da educação e contato com outras sociedades pelos veículos de comunicação.
No Blog do Sakamoto,sobre o Egito.

A informação é inimiga da ditadura, a educação também. Elas promovem o crescimento econômico e social. Mas, de todos os regimes autoritários o mais resistente é o que se esconde atrás de necessidades, da demagógica e escusa criação de necessidades, de um conformismo com as tragédias humanas e com os ensejos apenas individuais.

Já que a informação e a educação são etéreas e é sem valor axiológico determinado, podem ser usadas como a energia atômica, para o bem ou mal. O que nos faz escolhermos um lado ou outro da faca? A dor? O medo? A empatia com o sofrimento alheio? O altruísmo? O prazer?

Não sei. O que usar como referência?

Tudo faz pressão, mas são como falsos nortes, falham em algum momento e nos levam ao erro, como afirma Locke, "O erro não é uma falta de nosso conhecimento, mas um equívoco de nosso julgamento, assentindo a algo que não é verdadeiro". Alguns autores existencialistas colocam que a liberdade e as escolhas são a semente da miséria, pois toda escolha é errada, por não existir sinais no mundo. E o que criaria a falta destes sinais senão o absurdo?. Sartre diz que é preciso escolher mesmo sem referência, como em "A Náusea" tudo é gratuito e sem sentido, e não podemos agir por má-fé, em fuga destas escolhas. Angústia e náusea, então.

Portanto, mesmo com poucos lugares justos, só reconhecendo outro humano como "irmão" na existência, e do seu direito fundamental a vida, é que começo a entender onde podemos chegar. E assim agir por toda a humanidade. Ora, só assim mataremos o assassino do homem.

Lugar comum? Talvez... Precisa ser incomum?



"No Matter Where, No Matter How Tall, All Walls Fall."
No muro israelita, no lado palestino.

Todos os poemas têm lobos dentro IV.



Um pré-humano morto:Australopitecos.

Sou um pré-humano morto.
Eu marquei a minha existência com pegadas a beira de um lago.
Não pensava, mas existia.
Senti, e sinto todas as angústias de outros da minha espécie ou não.
O medo e o prazer.
E sei tudo o que me é importante.
Onde tem água, comida, quem são meus amigos e inimigos, e a quem eu amo.
E, principalmente, que quando morremos tudo acaba.
Deixamos apenas restos, só pegadas num lago.
A minha vida foi simples, comia, bebia, dormia, mas quando tinha e podia.
E não carregava nada em minhas mãos, para tê-las livres, sempre.
Fugi e me escondi várias vezes.
Morri jovem, na medida do homo sapiens, mas vivi intensamente.
Morri de forma medíocre, em uma luta para proteger os meus.
E morri primeiro, pois é melhor do que vê-los morrendo.
Você me conhece.
Olhe nos meus olhos, fite-os.
E verá na escuridão deles o seu rosto.
Eu sou parte de todo humano.
Eu estou vivo em toda humanidade.
Eu estou vivo em você.

Porque o mundo não começou com a razão.


Todos os poemas têm lobos dentro III.



Acreditei nos meus pais... Acreditei em deus... Acreditei em meu país... Acreditei nos homens... Acreditei no amor... Acreditei na razão... Acreditei na arte... Acreditei em mim... Agora, não há mais nada para acreditar.

sábado, 29 de janeiro de 2011

No covil: Pensamentos II.

"All man's alibis are unacceptable: no gods are responsible for his condition; no original sin; no heredity and no environment..." Kaufmann.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Uivo cantado I.




É, sou um dos orfãos!

Pela liderança da matilha I.

A meia-noite ele chegou, no horário dos boêmios. A sua silhueta passou por minha porta ainda aberta. Trazia já pelo meio a garrafa de whisky, e um copo sem gelo na outra mão.

Não o encarei, já sabia quem era, e ele sabia usar aquele estranho olhar quando queria. E eu não queria falar com ele, mas nada podia fazer.

Caiu sobre meu sofá com um ar fúnebre.

- Tá na fase pesada novamente? Apontei para a garrafa.
- Nunca sai... Disse ele carregado de embriaguez e do sotaque francês.
- Isso lhe matou! Retruquei, mas sabendo do meu pecado.
- Dizem que o cigarro mata antes! Acendeu um cigarro, que iluminou seu rosto, seus óculos e o olhar reconhecível em qualquer lugar.

A fumaça encheu minha sala, na TV passava algum documentário sobre engenharia, e deixou azul o vaporado. Ele simplesmente começou a falar:

- Fico perguntado o que você não entendeu, e o que aconteceu com todo aquele impeto que você tinha, agora você vive nesta roda viva de ganhar dinheiro para sobreviver. O engajamento pede e merece sacrifício! Tentei retrucar e ele levantou o copo, pedindo para parar.
- Você vai dizer que só tem adversários e não inimigos, eu sei... Eles usam agora da mesma tática de Goebbels, e sorriem enquanto infiltram em sua mente, mas já não seria aí uma inimigo? Não, você nem sabe por onde começar, você parece que ficou cansado, a vida chutou essa sua bunda e você não fez nada com o que lhe deram.
- Mas...
- Não! Você é produto de tudo que escolheu, você sabe disso, e que besteira é esta que o inferno são os outros?! As suas escolhas são suas, e era isso que o bigodudo cobrava, e não que todas as verdades são certas, mas você preferiu se embriagar e reclamar como o Hank! Um labirinto de canos...
- Nem tocar um instrumento você aprendeu! Tomou o resto do whisky do copo.
- Depois dos Beatles e os clássicos, fiquei sem graça! Pausa eterna.
- Ahh, você ficou muito bom em dá desculpas! Isso sim! Nunca tentou escrever?
- Não... Tentei, mas erro em lógica e gramática.
- Você não lia Shakespeare, Tolstoi, Fiodor, Dante, Thoreau, Kant?! Germinal! Droga, você leu Germinal. Você leu Steinbeck!! O que ficou?! Outra eternidade de pausa.

Levantou-se, e parado, olhando para mim, praguejou:

- Não foi para homens como você que eu escrevi.

Hoje realmente eu não queria falar com ele. Tentei tomar a garrafa enquanto ele sai, não tinha nada para beber na geladeira nem na estante. Nem um bar aberto nesta segunda maldita.

- Hoje você não vai ter nenhum alento! Disse ele.

E saiu, como chegou. Deixou-me nocauteado, sua esquiva e o direto no fígado estão perfeitos.
O que falar para um homem em que dizem que escreveu um livro baseado num copo de cerveja.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

No covil: Pensamentos I.

Tiamat e Marduk.


"A realidade é meramente uma ilusão apesar de ser uma ilusão muito persistente."

Albert Einstein

Diversidade e adversidade.



A humanidade sempre me fascinou. Não só uma forma de vida, mas como somos os animais mais adaptáveis, e mesmo que na pior adversidade, alguns de nós poderiam sobreviver.

Neste documentário de imagens fantásticas da BBC, sobre como somos tão diferentes e ainda tão iguais, lembro de meu lema de vida, mesmo sabendo que não é fácil:

"Pela diversidade e igualdade"


Gostaria de não ter temido o que vinha, e saído por ai, para conhecer realmente o mundo - Como diria Marcus Aurelius, um dos césares, só temos o momento agora, não temos o passado e o futuro, não tinha o que temer, não?. Como McCandless, escutado o chamado selvagem, e hoje falar de causa conhecida, e não só imaginada, que somos o que somos, porque somos diferentes entre nós.

"Não seremos capazes de modificar um único homem; e se alguma vez o conseguíssemos seria talvez, para nosso espanto, para nos darmos também conta de outra coisa: é que teríamos sido nós próprios modificados por ele!" Friedrich Nietzsche.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Todos os poemas têm lobos dentro II.




CONFISSÃO


esperando pela morte
como um gato
que vai pular
na cama

sinto muita pena de
minha mulher
ela vai ver este
corpo
rijo e
branco

vai sacudi-lo e
talvez
sacudi-lo de novo:

“Henry!”

e Henry não vai
responder.

não é minha morte que me
preocupa, é minha mulher
deixada sozinha com este monte
de coisa
nenhuma.

no entanto,eu quero que ela
saiba
que dormir
todas as noites
a seu lado

e mesmo as
discussões mais banais
eram coisas
realmente esplêndidas

e as palavras
difíceis
que sempre tive medo de
dizer
podem agora
ser ditas:

eu
te amo.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Chimpanzés ou Bonobos.

Primeiro, esse video de Frans de Waal, um biólogo que estuda há muito tempo os primatas, e fala de uma coisa que já venho pensando, desde que li O animal moral.

E o outro é este artigo da série Questão de Ética - Sônia T. Felipe, de onde tirei o nome do post.

A natureza tem várias saídas, a maioria delas inatas, às vezes mais do que gostaria a nossa enraizada visão antropocentrica.

"You have your way. I have my way. As for the right way, the correct way, and the only way, it does not exist." Friedrich Nietzsche.

Todos os poemas têm lobos dentro I.


"A Queimada":

"Queime tudo o que puder:
as cartas de amor
as contas telefônicas
o rol de roupas sujas
as escrituras e certidões
as inconfidências dos confrades ressentidos
a confissão interrompida
o poema erótico que ratifica a impotência
e anuncia a arteriosclerose
os recortes antigos e as fotografias amareladas.
Não deixe aos herdeiros esfaimados
nenhuma herança de papel.

Seja como os lobos: more num covil
e só mostre à canalha das ruas os seus dentes afiados.
Viva e morra fechado como um caracol.
Diga sempre não à escória eletrônica.

Destrua os poemas inacabados, os rascunhos,
as variantes e os fragmentos
que provocam o orgasmo tardio dos filólogos e escoliastas.
Não deixe aos catadores do lixo literário nenhuma migalha.
Não confie a ninguém o seu segredo.
A verdade não pode ser dita".

Lêdo Ivo.


É, Lobo Ivo, concordo com minha alma.
Mas os caninos devem mostrar seus dentes no átrio e na ágora,a verdade como cinzas alvejantes ao vento.

sábado, 22 de janeiro de 2011

A razão e a loucura falam da mesma coisa.


O excêntrico e genial Zizek e o simpático, e também genial, Touraine, falam de uma nova versão da eterna briga "da direita vs a esquerda".




Zizek, filósofo esloveno, fala sobre uma nova divisão:"Zizek identifica a emersão de um partido que se posiciona a favor do capitalismo globalizado, geralmente com relativa tolerância ao aborto, direitos homossexuais, religião e minorias étnicas. E, em oposição a esse partido, há um agrupamento popular anti-imigrantes cada vez mais forte, que está acompanhado diretamente por grupos neofascistas. Nesse ambiente de despolitização das administrações pós-ideológicas – que, para Zizek, conforma uma 'dinâmica perigosa' –, a única maneira de mobilizar as pessoas é provocar o medo (ameaça imigrante, por exemplo).". Esta é uma dura visão social, longe da plataforma política, centro-direita vs centro-esquerda, que atualmente se apresenta no ocidente, e que estendia as suas teias.



Touraine, sociólogo francês, fala de um movimento xenófobo entranhado no pensamento europeu, e antes disso, do mesmo capitalismo pós-globalizado, capitalismo que já fugiu do controle das potências de viés liberal, e no construto individual da sociedade pós-revolução e de um modelo, relutante é ele agora em afirmar, mas não encontra outra palavra, fascista.

No primeiro, o socialismo agora está na vez, pois é no social que se preserva o homem, ou a nossa humanidade. O segundo também, mas não enquanto socialismo, pois não há espaço para o social, mas enquanto direitos humanos, temos que combater a violência, e a do estado principalmente - soa como Derrida.

Está obscuro para mim, estão falando de uma nova "moeda", de um novo valor, mais cru, mais direto, e então mais entregue ao radicalismo? O que vem por ai, uma sociedade de valores axiológicos diretos, claros e distantes, que não há mais saída senão o combate violento "casa a casa", rua de baixo contra a rua de cima?

Mais viceral o conceito, mais dogmático e menos ético.

Alain, de cima de sua sabedoria, pode dizer que a crise que agora está será social, será então normal?

Aqui você assiste a Alain Touraine, Milênio - Globonews.
http://globonews.globo.com/platb/milenio/2011/01/17/dom-da-premonicao/

Novo link da entrevista.
https://www.youtube.com/watch?v=nV4ApCsTwyU


"O absurdo mantêm sua mente aberta." Dr.Seuss.