domingo, 23 de dezembro de 2012

Saudação Lupina: Lêdo Ivo.


*Maceió18 de fevereiro de 1924 +Sevilha23 de dezembro de 2012

"Encerro esta palestra com um verso de Lucrécio: 'É doce envelhecer de alma honesta'" Lêdo Ivo.

 

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Saudação Lupina: Manoel de Barros.


*Cuiabá (MT) no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá, em 19 de dezembro de 1916


"Quem anda no trilho é trem de ferro, sou água que corre entre pedras: liberdade caça jeito."
Manoel de Barros

Parabéns, poeta!

http://palavrassimpaticas.wordpress.com/category/poesia-manoel-de-barros/

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Contando os dias para o fim do mundo.



Oh! Mundo cruel, Ouçam, seus dias estão contados!

Mas enquanto isso, ouçam o Monk!!



Yeah!!

domingo, 4 de novembro de 2012

domingo, 28 de outubro de 2012

42 é a resposta.



"Ah, criaturas tetrápodes de vida temporária, baseadas em carbono, com estrutura corporal planejada por genes, e pensam que são o centro do universo. Cobremos o impulso primo, pois a razão é cínica. Então, não usem só a inteligência, deliciem também o caos."



Harry Holden.



AYBABTU, 42 é a resposta.


sábado, 20 de outubro de 2012

Pirataria e bloqueio a faixa de Gaza: Israel.


Aqui está a tripulação do #Estelle, tão perigosa para Israel que ainda em águas internacionais foram abordadas pelas IDF. E agora estão chegando ao porto de Ashdod, em   Israel, novamente por ações militares ilegais do governo sionista que vão contra a democracia, os direitos humanos, leis internacionais e marítimas.


"Às 5h da manhã (hora do Brasil) o Estelle foi atacado, em águas internacionais, a 17 milhas náuticas do Egito, pela marinha pirata sionista. O pessoal da Frota perdeu contato com o navio. Estamos aguardando notícias".



(Baby Siqueira Abrão, Brazilian journalist in Middle East)


Localização do #Estelle no site Marinetraffic.com


Israel pode agir impunemente em águas internacionais?








sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Simulacros e óleo.




O radicalismo muçulmano agora tem outra denominação, a partir da diminuição do poder dos xiitas Aiatolás até a primavera árabe, sendo pulverizada as forças entre as várias correntes de interpretação do Alcorão.

Agora navega nas correntes dos Whabbitas aos Sulafitas, expressões do extremismo de ações e radicalismo de costumes agora sunitas. Que reforçaram o ódio contra Israel, e seu consorte o USA'n'abusa, e nesse show de horrores e tendo como alcoviteira a velocidade das plataformas de informação, pois entre a geração de um filme idiota criado por um Copta e a morte do embaixador americano passaram apenas algumas horas. 

Os Sunitas Whabbitas foram representados pelo grupo radical de Bin Laden, e agora os Sunitas Salafitas, responsáveis pelo ataque a embaixada, tomam às manchetes pelo radicalismo e extremismo, mesmo sendo um variação de interpretação apenas do Séc. XVIII que não adoram Maomé, são convictos dos costumes do início do Islã, odeiam o materialismo do Ocidente e pregam austeridade na vida pessoal.

O interessante é que a partir do pensamento de Syed Qutb, importante escritor mulçumano, quando visitou o USA e escreveu em carta a um amigo: “Gostaria de encontrar alguém com quem conversar sobre assuntos humanos, moral e espiritualidade, não apenas dólares, estrelas de cinema e carros”, podemos ver que o radicalismo não é premissa da religião, e sim, de alguns grupos radicais, mas eles são diametralmente diferentes do American way of  life.

Mas seria isso mesmo, neste mundo pós-moderno onde um filme amador em menos de três dias cria uma crise de extremismo, considerando uma ofensa ao Deus Alá dos muçulmanos, tornando tudo em uma explosão de violência, que é ferramenta de expressão de defesa dos dogmas radicais, e já, da então,tão próxima eleição americana, podendo vir a causar um acirramento dos humores com a velha demonstração de força da direita americana, que leva à morte de jovens militares e civis inocentes, apenas pela vindita e retaliação, falando no mesmo idioma dos radicais, e com o famoso braço pesado do imperialismo e sua política de dois pesos e duas medidas no que se refere aos países daquela região, confundindo sua ação com os que eles apontam como delinquentes.

Espero que o ânimo seja de temperança, e que os passos e as palavras sejam medidas, não interessa para o mundo mais um capítulo desta novela do oriente médio, que por baixo de todos os simulacros, só compreendo o interesse no comando da maior área de extração de combustível fóssil. Tenho a esperança que a justificativa da economia não derrote novamente, nossa humanidade, já tão esquálida.


quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Na minha árvore.




In My Tree

Up here in my tree, yeah
Newspapers matter not to me, no
No more crowbars to my head, yeah
I'm trading stories with the leaves instead, yeah

Wave to all my friends, yeah
They don't seem to notice me, no
All their eyes trained on the street, yo, oh
Sidewalk cigarettes and scenes, (tem-pted)
Up here so high I start to shake
Up here so high the sky I scrape
I'm so high I hold just one breath here within my chest
Just like innocence

(Eddie's down in his home)
(Oh, the blue sky it's his home)
(Eddie's blue sky home)
(Oh, the blue sky it's his home)

I remember when, yeah
I swore I knew everything, oh yeah
Let's say knowledge is a tree, yeah
It's growing up just like me, yeah
I'm so light the wind he shakes
I'm so high the sky I scrape
I'm so light I hold just one breath and go back to my nest
Sleep with innocence...

Up here so high the boughs they break
Up here so high the sky I scrape
Had my eyes peeled both wide open, and I got a glimpse
Of my innocence... got back my inner sense...
Baby got it, still got it

domingo, 26 de agosto de 2012

Fruta estranha.

Thomas Shipp e Abram Smith, balançando no álamo, na fotografia de Lawrence Beitler, em Marion, Indiana.

Poema "Strange Fruit" escrito por Abel Meeropol, um professor judeu de um colégio do Bronx, condado de NY, após ver as fotos do linchamento acima, que o fotografo havia vendido várias copias para os veículos de comunicação da época.

Transformado em música, fez muito sucesso na voz de Billie Holiday, que gravou mesmo contra a vontade da gravadora Columbia Record, já que eles teriam medo de perder vendas nos estados do sul
. Considerada uma das músicas do século e uma das melhores de todos os tempos, fico com a idéia do New york post, que a define como o hino da resistência negra, a La marserllesa negra.

Com vocês, Miss Holiday:






Mais aqui: 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Strange_Fruit

sábado, 25 de agosto de 2012

O último passo.


Neil Armstrong took one final step today.
August 5, 1930 – August 25, 2012
Rest in peace.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Trem em movimento...


"Você não pode ser neutro num trem em movimento" 
Howard Zinn.
*Nova Iorque, 24 de agosto de 1922 +Santa Mônica, 27 de janeiro de 2010






domingo, 19 de agosto de 2012

Sangue latino.





Para que serve a utopia?



"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."

Fernando Birri, Diretor de cinema argentino.



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Saudações Lupinas: Bukowski.


Hoje o Anjo caído faria 92 anos.



Uma janela de vidros espelhados


cães e anjos não são
muito diferentes.
frequentemente vou comer nesse
lugar
por volta das 2h30 da tarde
porque todas as pessoas que almoçam
ali estão particularmente arruinadas
felizes pelo simples fato de estarem vivas e
comendo feijão
próximas a uma janela de vidros espelhados
que impede a passagem do calor
e não deixa que os carros e as
calçadas cheguem no interior.

podemos tomar quanto café
de graça quisermos
e nos sentamos e em silêncio
bebemos café preto e forte.

é bom estar sentado em algum lugar
neste mundo às 2h30 da tarde
sem sentir-se carneado até o
branco dos ossos. mesmo
estando arruinados, sabemos disso.

ninguém nos incomoda
não incomodamos ninguém.

anjos e cães não são
muito diferentes
às 2h30 da tarde.

tenho minha mesa favorita
e depois de terminar
empilho os pratos, pires,
o copo, os talheres
com cuidado -
faço à sorte minha oferenda -
e lá fora o sol
segue trabalhando bem
descrevendo
seu arco
enquanto aqui dentro
reina
a escuridão.

Charles Bukowski




"O maior poeta americano"
Sartre.



quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A que serve a ecologia.


“É precisamente no terreno da ecologia que podemos delinear 
a demarcação entre a política da emancipação e a
política do medo na sua forma mais pura. De longe, a versão predominante
da ecologia é a da ecologia do medo – medo da catástrofe, humana ou
natural, que pode perturbar profundamente ou mesmo destruir a
civilização humana. Essa ecologia do medo tem todas as oportunidades de
se converter na forma ideológica predominante do capitalismo global, um
novo ópio das massas que sucede o da religião. Assume a função
fundamental da religião, aquela de impor uma autoridade inquestionável
que estabelece todo limite. Apesar de os ecologistas exigirem
permanentemente que mudemos radicalmente nossa forma de vida, é
precisamente isso que subjaz a essa exigência no seu oposto, isto é, uma
profunda desconfiança em relação à mudança, em relação ao
desenvolvimento, em relação ao progresso: cada transformação radical
pode conter a consequência inestimada de detonar uma catástrofe. É
exatamente essa desconfiança que converte a ecologia em um candidato
ideal para tomar o lugar de uma ideologia hegemônica, pois faz eco da
desconfiança em relação aos grandes atos coletivos.” 

Trecho entrevista de Zizek para revista Unisinos.



 http://scienceblogs.com.br/discutindoecologia/2011/05/slavoj_zizek_e_o_movimento_
amb/






Acho que a cissão com natureza é temerária, colocar a cultura, e no fim a ciência, como possibilidade de distanciamento daquela, acreditando que seria a única forma de romper a inserção do homem no natural, a última consequência, seria afirmar a dicotomia, na procura da imortalidade.

Mas é no contra-ponto, na necessária ilusão que vivemos para entender a realidade que quero me ater, é nisso que se afirma o homem, e daí vem o sentido, mesmo que temporário da sua vida, e isso não pode ser tirado, mesmo diante da tragédia, mesmo da impossibilidade de vence-la. A ousadia dele seria cobrar essa afirmação, sem ser tolhido por qualquer moral ou ideologial, seja cultural ou natural, acho que aí que está o seu incentivo.


Ainda neste ponto, coloco a questão social, a vida em sociedade foi condição natural, até mesmo a partir dos instintos, para sobrevivermo na natureza, não como inimiga, mas como ambiente, como cenário de nosso ato. Assim, mesmo com a tragicidade da vida, há de se ter alguma resistência, se não pela tentativa de se vencer o fenômeno, que seja pelo menos para reduzir suas sequelas, senão nem importa a ciência, bastaria nos entregarmos ao destino. E não foi assim que aqui chegamos.

No final, o que temos mesmo é nossa cultura, e uma certa responsabilidade por sermos testemunha de toda diversidade, de toda impossibilidade, considerando o instante de equilíbrio casual,e de alguma forma, não sermos o estopim de qualquer coisa que antecipe a nossa destruição. Chegar ao abismo sem inicialmente querer saltar.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

O uivo...


‎...
Epifanias... Geração louca! 
Jogados Nos rochedos do Tempo!
Verdadeiro riso no santo rio! Eles viram tudo! O olhar
selvagem! Os berros sagrados! Eles deram adeus!
Pularam do telhado! Rumo à solidão! Acenando! Levando
flores! Rio abaixo! Rua acima!
... 




Allen Ginsberg, O Uivo.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

A Esperança




Injeta sangue no meu coração, enche-me até o bordo das veias! Mete-me no crânio pensamentos! Não vivi até o fim o meu bocado terrestre , sobre a terra não vivi o meu bocado de amor. Eu era gigante de porte, mas para que este tamanho? Para tal trabalho basta uma polegada. Com um toco de pena, eu rabiscava papel, num canto do quarto, encolhido, como um par de óculos dobrado dentro do estojo. Mas tudo que quiserdes eu farei de graça: esfregar, lavar, escovar, flanar, montar guarda. Posso, se vos agradar, servir-vos de porteiro. Há, entre vós, bastante porteiros? Eu era um tipo alegre, mas que fazer da alegria, quando a dor é um rio sem vau? Em nossos dias, se os dentes vos mostrarem não é senão para vos morder ou dilacerar. O que quer que aconteça, nas aflições, pesar... Chamai-me! Um sujeito engraçado pode ser útil. Eu vos proporei charadas, hipérboles e alegorias, malabares dar-vos-ei em versos. Eu amei... mas é melhor não mexer nisso. 


Te sentes mal?


Vladimir Maiakovski



domingo, 8 de julho de 2012

Feno para cavalos.





Feno para os cavalos


Gary Snyder


Ele guiava metade da noite
De muito abaixo de San Joaquin
Através de Mariposa, subindo as
Estradas perigosas do morro,
E arribou pelas 8 da manhã
Com seu baita carreto de feno
atrás do celeiro. 
Com guinchos e cabos e braço
Empilhamos os fardos em cima
De vigas de sequóia espaçadas
Alto na sombra, flocos de alfafa
Rodando pelas telhas-frestas de luz,
Comichar da poeira do capim seco na
camisa suada e nos calçados.
No horário do almoço sob o carvalho
Na entrada do estábulo abafado,
---A égua velha fuçando no cocho,
Gafanhotos ziziando nos matos---
"Eu tenho sessenta e oito" disse ele
"Na primeira carga de feno eu tinha dezesseis.
Eu pensei, naquele dia em que começava,
Por certo odiaria fazer isto toda a vida.
E dane-se, não foi mais nada
O que eu fui e fiz."


Tradução Adriandos Delima




domingo, 1 de julho de 2012

O seu reino.




Diogenes went on to tell the king that he did not even possess the badge of royalty...


“What is this badge ?” inquired Alexander.


“Have you not heard farmers say, ” asked the other, “that this is the only bee that has no sting since he requires no weapon against anyone? For no other bee will challenge his right to be king or fight him when he has this badge. I have an idea, however, that you not only go about fully armed but even sleep that way. Do you not know,” he continued, “that is a sign of fear in a man for him to carry arms? And no man who is afraid would ever have a chance to become king any more than a slave would.


sábado, 23 de junho de 2012

Imortalidade.

Turritopsis dohrnii


Imortalidade


"Um dia, dirão: "Bukowski está morto", e daí serei verdadeiramente descoberto e pendurado em fedorentos e brilhantes postes de luz. E daí? A imortalidade é uma estúpida invenção dos vivos. Não estou competindo com ninguém, não tenho ilusões com a imortalidade, não estou nem aí pra ela. É a ação enquanto você está vivo. Os partidores se abrindo na luz do sol, os cavalos mergulhando na luz, todos os jóqueis, bravos e pequenos diabos em sua seda brilhante, indo fundo, fazendo acontecer. A glória é o movimento e a audácia. Que a morte se foda. É hoje o que importa. É hoje e hoje. Sim."
Charles Bukowski.


Não, Hank, a imortalidade já tinha sido inventada antes dos homens.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Sobre a violência...







SOBRE A VIOLÊNCIA

A corrente impetuosa é chamada de violenta 
Mas o leito do rio que a contem 
Ninguém chama de violento.

A tempestade que faz dobrar as betulas
É tida como violenta
E a tempestade que faz dobrar
Os dorsos dos operários na rua?

Bertold Brecht. 



http://alifanfarrao.blogspot.com.br/2012/02/bertolt-brecht-100-textos-escolhidos.html 

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Under African Skies.





25 anos de Graceland de Paul Simon, lindo disco, o povo é mais ainda. Saqueados, capturados, e sorriem sobre o seu céu.




terça-feira, 1 de maio de 2012

Ainda com fome!




"Sou cidadão, sou mineiro, sou cidadão limitado por fronteiras fatais. Creio no homem, creio na justiça, creio na liberdade. Desejo que a vida de meus filhos e de todos os que vierem depois de mim seja melhor do que a minha. Desejo firmemente a utopia. Creio na utopia. Afinal, o Brasil não precisa ser permanentemente infeliz. Precisamos ter pressa e urgentemente ter orgulho do Brasil."


Otto Lara Resende,São João del-Rei, 1 de maio de 1922 - Rio de Janeiro, 28 de dezembro de 1992.


Nesse 1º de Maio, dia do Trabalho, com história de lutas contra a injustiça e o abuso das empresas, homens, contra trabalhadores, outros homens.

Há anos, 31 para ser exato, tivemos atentados com bomba, pela direita e militares, que forjavam situações contra os trabalhadores na festa do Riocentro, tentando reinstalar o terror e o medo. Hoje temos os mesmo shows, mas estamos com muitos daqueles na elite, os representantes daquela época, o movimento de forças os colocou no poder, com luta e perdas inquestionáveis, mas... Pouco mudou, e aquela festa que era representação da luta, passou a ser uma idiotização da luta, com intuito de festa ideológica e improdutiva, como se não tivesse mais nada para evoluir, a não ser as questões de classes sindicais específicas ou direitos trabalhistas individuais e egoístas sem expressão social.

Naquelas dias, Gonzaguinha disse: "No meio do espetáculo, durante o espetáculo, explodiram, eu disse explodiram duas bombas.", creio, que estas bombas serviram para fortalecer a idéia, o movimento, mas elas não mais ecoam em nossa sociedade.

E quem nos representa, e são os senhores da hora, sentam abastados sem revolta e indignação, não nego que evoluimos, mas afirmo, com a mesma convicção, que continuamos com fome.

Vamos a luta!?

Essa música e esse menestrel ainda estão vivos.



domingo, 29 de abril de 2012

O que vem da Bahia...


"Minha oposição a religiões não dá direito a ninguém de insinuar que só acredito na ciência ou mesmo que sou ateu. Se ateu é aquele que não acredita em UM Deus, então podem até chamar-me assim, mas eu apenas repudio o Deus absoluto dos monoteístas, sobretudo dos cristãos. Não tenho nada contra mitologia grega, hinduísmo, candomblé, xintoísmo, taoísmo... O que não posso conceber é um Deus racional e único que organizaria o universo, porque simplesmente eu não acho o universo tão racional e organizado quanto religião E ciência pensam. Quando eu tenho que escolher entre ciência e religião, prefito a ciência por motivos epistemológicos, pelo fato de a ciência ao menos conceber que pode estar errada e já saber atualmente que seu conhecimento é sempre insuficiente, coisa que as religiões monoteístas não fazem. Eu acredito (e faço questão de dizer que é só uma crença arraigada em mim, não é uma certeza nem quero que o seja) que o universo SE forma (não é criado) a partir de forças irracionais, autônomas e impossíveis de serem concebidas, reveladas, verificadas ou percebidas por meios científicos ou religiosos... e que a interação conflituosa dessas forças, sua tensão e tensa estabilização em cada momento considerado (momento que poder durar bilhões de anos), forma sempre alguma coisa que parece ordem e que a ciência e a religião tentam explicar, descrever ou prever sistematicamente. Se sou contra religião e ciência é porque elas concebem que o mundo é tão monótono que suas leis e regras estão (ao menos em linhas mais gerais) essencialmente dadas desde sempre e que por isso podem ser reveladas ou descobertas; e eu não quero essa monotonia, quero a possibilidade de o mundo criar-se e recriar-se sempre, eternamente, a todo instante, sem inferno nem paraíso, quero que não haja vida após a morte para que ESTA vida seja rara e bela, digna de ser vivida por si e para si. Deus e a ciência são para mim apenas simplificações que não passam de adoração disfarçada ao homem e um profundo empobrecimento da vida. E o universo não precisa do homem nem de coisa alguma que este intitule deus. Para terminar, sei que o que eu penso não é pensado por ninguém e que a maioria pode dizer que estou louco, mas eu faço questão de pensar de tal forma que meu pensamento não seja o da maioria e que jamais possa ser completamente sintetizado em qualquer livro e por nenhum pregador, seja ele padre ou cientista, ambos para mim farinha do mesmo saco. Não preciso de "salvação" por parte do primeiro nem de explicação por parte do segundo. Arte e Filosofia me bastam para viver intensamente. Agora podem apedrejar, pois nem suas cruzes e Bíblias nem seus telescópios e microscópios mais potentes podem me fazer deixar de pensar como eu penso. Eu crio minha religião e minha ciência, só assim posso acreditar profundamente. Não escrevo para maiorias nem para um público determinado, escrevo apenas para que aqueles que pensam de forma PARECIDA com a minha não se sintam sozinhos nem precisem andar por aí tentando convencer ninguém."


Texto do filósofo baiano Waldísio Araujo, a que chamo de amigo.