quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Todos os poemas têm lobos dentro II.




CONFISSÃO


esperando pela morte
como um gato
que vai pular
na cama

sinto muita pena de
minha mulher
ela vai ver este
corpo
rijo e
branco

vai sacudi-lo e
talvez
sacudi-lo de novo:

“Henry!”

e Henry não vai
responder.

não é minha morte que me
preocupa, é minha mulher
deixada sozinha com este monte
de coisa
nenhuma.

no entanto,eu quero que ela
saiba
que dormir
todas as noites
a seu lado

e mesmo as
discussões mais banais
eram coisas
realmente esplêndidas

e as palavras
difíceis
que sempre tive medo de
dizer
podem agora
ser ditas:

eu
te amo.

4 comentários:

  1. queria 'fazer' aquele desenho famoso do miguelangelo, deus criando adão, na capela sistina, só que com o velho buk no lugar dele, criando a nós, cães numa baby-matilha.

    vou pedir pro meu filho me ajudar. um 'afresco' no muro de meu quintal, ah vou..

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  2. eu sempre volto para ler este trecho abaixo:

    "é minha mulher
    deixada sozinha com este monte
    de coisa
    nenhuma".

    então na inauguração vai ter mais cachaça, limão e gelo.

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