sexta-feira, 1 de abril de 2011

Todos os poemas têm lobos dentro XV.




Lápide ( ARIANO SUASSUNA )

Com tema de Virgílio, o Latino, e Lino Pedra-Azul, o Sertanejo


Quando eu morrer, não soltem o meu Cavalo
nas pedras do meu Pasto incendiado:
fustiguem-lhe seu Dorso alardeado,
com a Espora de ouro, até matá-lo.

Um dos meus filhos deve cavalgá-lo
numa Sela de couro esverdeado,
que arraste pelo Chão pedroso e pardo
chapas de Cobre, sinos e badalos.

Assim, com o Raio e o cobre percutido,
tropel de cascos, sangue Castanho,
talvez se finja o som de Ouro fundido.

que, em vão - Sangue insensato e vagabundo -

tentei forjar, no meu Cantar estranho,
à tez da minha fera e ao Sol do mundo!

2 comentários:

  1. belo soneto. ariano é praia nossa, areia farta, conforto para os pés e para a mente. o chão duro do nordeste fez a alma dura do homem nordestino. seus filhos curtindo ao sol, e da boca escorre a aguardente do mundo.

    pu... que... pariu. duas semanas já se passaram. saudades da Vera lavando as mãos na bica gelada.

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  2. Tentamos isso, fazer ouro do dia-a-dia, dos que nos enobrece, só por podermos contar sempre com eles, a forjar nossa tez de fera, neste sol árduo, ou nos dias de intenso frio.

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