sábado, 19 de novembro de 2011

Esperado, o novo.




À ESPERA DOS BÁRBAROS

                           Konstantinos Kaváfis

O que esperamos na Ágora reunidos?
É que os bárbaros chegam hoje.
Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?
É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.
Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?
É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.
Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?
É que os bárbaros chegam hoje,
tais coisas os deslumbram.
Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?
É que os bárbaros chegam hoje
e aborrecem arengas, eloqüências.
Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?
Porque é já noite, os bárbaros não vêm
e gente recém-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.
Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.

3 comentários:

  1. Belo Poema.
    Que venha os bárbaros com Átila e seus seguidores.
    Os bárbaros quando chegam mudam tudo...Auuuuuu!

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  2. quem são so bárbaros? vc me inpirou a postar algosobre a campanha dabenetton, unhate. com cenas do filme, invasões bárbaras, um dos meus preferidos..

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  3. Os alheios ao sistema, sem dá um tiro, tomaram o poder um dia.

    Um dia anoitecera com eles dentro da cidades vazia.

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