quinta-feira, 19 de julho de 2012

A Esperança




Injeta sangue no meu coração, enche-me até o bordo das veias! Mete-me no crânio pensamentos! Não vivi até o fim o meu bocado terrestre , sobre a terra não vivi o meu bocado de amor. Eu era gigante de porte, mas para que este tamanho? Para tal trabalho basta uma polegada. Com um toco de pena, eu rabiscava papel, num canto do quarto, encolhido, como um par de óculos dobrado dentro do estojo. Mas tudo que quiserdes eu farei de graça: esfregar, lavar, escovar, flanar, montar guarda. Posso, se vos agradar, servir-vos de porteiro. Há, entre vós, bastante porteiros? Eu era um tipo alegre, mas que fazer da alegria, quando a dor é um rio sem vau? Em nossos dias, se os dentes vos mostrarem não é senão para vos morder ou dilacerar. O que quer que aconteça, nas aflições, pesar... Chamai-me! Um sujeito engraçado pode ser útil. Eu vos proporei charadas, hipérboles e alegorias, malabares dar-vos-ei em versos. Eu amei... mas é melhor não mexer nisso. 


Te sentes mal?


Vladimir Maiakovski



2 comentários:

  1. Vladimir...meu irmão,Russo.Auuuuuuuuuuuuuuuuuuu!

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  2. se eu quiser morrer, tenho que falar com maikovsk

    seu quiser beber, tenho falar com bukowski

    seu quiser sonhar, tenho que cantar pra claudia cardinale

    la doche vita,

    aquela cena da fonte, anita akberger.......

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