domingo, 30 de janeiro de 2011

Pela liderança da matilha II.

Muros da ditadura, reais e imaginários.

Segundo os dois autores [Juan Linz e Alfred Stepan em “A Transição e Consolidação da Democracia – a experiência do Sul da Europa e da América do Sul”.] que citei acima, uma prosperidade econômica prolongada em um regime autoritário também pode minar os fundamentos de autojustificação do regime. O sucesso econômico prolongado pode contribuir para a percepção de que as medidas coercivas de exceção, adotadas pelo regime não-democrático, não são mais necessárias e podem vir a ser um mal para as conquistas já alcançadas. Crescimento econômico também pode elevar o custo da repressão, facilitando assim a transição para a democracia. Por exemplo, aumento da classe média, expansão da educação e contato com outras sociedades pelos veículos de comunicação.
No Blog do Sakamoto,sobre o Egito.

A informação é inimiga da ditadura, a educação também. Elas promovem o crescimento econômico e social. Mas, de todos os regimes autoritários o mais resistente é o que se esconde atrás de necessidades, da demagógica e escusa criação de necessidades, de um conformismo com as tragédias humanas e com os ensejos apenas individuais.

Já que a informação e a educação são etéreas e é sem valor axiológico determinado, podem ser usadas como a energia atômica, para o bem ou mal. O que nos faz escolhermos um lado ou outro da faca? A dor? O medo? A empatia com o sofrimento alheio? O altruísmo? O prazer?

Não sei. O que usar como referência?

Tudo faz pressão, mas são como falsos nortes, falham em algum momento e nos levam ao erro, como afirma Locke, "O erro não é uma falta de nosso conhecimento, mas um equívoco de nosso julgamento, assentindo a algo que não é verdadeiro". Alguns autores existencialistas colocam que a liberdade e as escolhas são a semente da miséria, pois toda escolha é errada, por não existir sinais no mundo. E o que criaria a falta destes sinais senão o absurdo?. Sartre diz que é preciso escolher mesmo sem referência, como em "A Náusea" tudo é gratuito e sem sentido, e não podemos agir por má-fé, em fuga destas escolhas. Angústia e náusea, então.

Portanto, mesmo com poucos lugares justos, só reconhecendo outro humano como "irmão" na existência, e do seu direito fundamental a vida, é que começo a entender onde podemos chegar. E assim agir por toda a humanidade. Ora, só assim mataremos o assassino do homem.

Lugar comum? Talvez... Precisa ser incomum?



"No Matter Where, No Matter How Tall, All Walls Fall."
No muro israelita, no lado palestino.

Um comentário:

  1. um dos maiores truques dos povos do hemisfério norte, os liberais, precisamente, foi a fusão do conceito de democracia com a doutrina neoliberal, tal como se fossem a mesma coisa. a linguagem as decodificou em sinônimos e mais todo sistema educacinal e político seguiu o rumo. é o que podemos chamar de simulacro. esse seria o único cenário possível da 'liberdade', porque o crescimento econômico justifica isso, logo as restrições e autoritarismos da sociedade neoliberal, não seriam restrições nem autoritarismo, mas sim ética. assim, se regurgitamos, nos tornamos párias, ou lobos, drop-outs, etc....a negação de algo, em termos doutrinários, é a comprovação sintomática de seus melefícios. por que não somos felizes cono thoreau, no halden, que vc está lendo?

    a tese do sapato pesado é genial.

    por isso acho que as escolhas individuais dentro de um sistema macro, que estamos inseridos, já é má-fé. mudar o mundo para que ele seja apto a receber minha proposta de vida. libertário, ou autoritarismo de minha parte?

    foucault: as ações cotidianas do corpo são a concretização da democracia ou da doutrina neoliberal?

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