domingo, 30 de janeiro de 2011

Todos os poemas têm lobos dentro IV.



Um pré-humano morto:Australopitecos.

Sou um pré-humano morto.
Eu marquei a minha existência com pegadas a beira de um lago.
Não pensava, mas existia.
Senti, e sinto todas as angústias de outros da minha espécie ou não.
O medo e o prazer.
E sei tudo o que me é importante.
Onde tem água, comida, quem são meus amigos e inimigos, e a quem eu amo.
E, principalmente, que quando morremos tudo acaba.
Deixamos apenas restos, só pegadas num lago.
A minha vida foi simples, comia, bebia, dormia, mas quando tinha e podia.
E não carregava nada em minhas mãos, para tê-las livres, sempre.
Fugi e me escondi várias vezes.
Morri jovem, na medida do homo sapiens, mas vivi intensamente.
Morri de forma medíocre, em uma luta para proteger os meus.
E morri primeiro, pois é melhor do que vê-los morrendo.
Você me conhece.
Olhe nos meus olhos, fite-os.
E verá na escuridão deles o seu rosto.
Eu sou parte de todo humano.
Eu estou vivo em toda humanidade.
Eu estou vivo em você.

Porque o mundo não começou com a razão.


Um comentário:

  1. ouvia uma canção de um cantor não conhecido e dizia, na hora que eu lia o texto: 'onde não devoçao, onde não há capital, onde não se matar?'

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